Vale o Piloto? – Round 6 1x01 – Batatinha Frita, 1, 2, 3
“Você quer jogar um jogo comigo?”
QUE ESTREIA
FENOMENAL! Finalmente estou assistindo a “Round
6”, e eu tenho mil elogios para fazer a “Batatinha
Frita, 1, 2, 3”, a estreia da série: acho que “Round 6” se saiu incrivelmente bem introduzindo o tema e
apresentando o personagem principal, em um episódio claramente dividido em duas
partes muito diferentes entre si, mas complementares de maneira inteligente: na
primeira parte do episódio, conhecemos Seong Gi-hun, um cara endividado e sem
perspectiva que só quer poder levar a filha de 10 anos para comer em um lugar
legal e comprar um presente decente para o seu aniversário; na segunda parte do
episódio, encontramos Seong Gi-hun e vários outros personagens em um jogo
macabro no qual lhes prometem um grande prêmio em dinheiro sem dar detalhes do
que eles estão arriscando ao aceitar ser parte desse jogo.
Adorei a
primeira parte do episódio – para mim, ela é essencial para que a história faça
sentido, para que a crítica social seja bem construída e para que nos
importemos com Seong Gi-hun quando o vemos correr risco de vida. Estamos aqui,
também, pelos jogos, mas eles não significariam nada se não fossem jogados por
pessoas por quem queremos torcer. Os primeiros 30 minutos do episódio foram tão
intensos que eu senti como se eu conhecesse Gi-hun há muito tempo, e uma de
suas cenas chegou a me fazer chorar, o que normalmente não acontece em tão
pouco tempo. É uma introdução inteligente para dar profundidade ao que vem a
seguir. Vemos Gi-hun tentar conseguir dinheiro para o jantar e o presente da
filha, seja pedindo para a mãe, seja usando o cartão dela para sacar dinheiro
no banco ou apostando em uma corrida de cavalos.
Gi-hun é um
personagem interessante. Imperfeito, mas totalmente relacionável, nós acabamos
nos afeiçoando a ele e torcendo por ele. Eu fiquei feliz quando ele conseguiu
dinheiro apostando na corrida de cavalos usando o aniversário da filha, por
exemplo, e sofri com ele quando ele é encurralado no banheiro por agiotas a
quem ele deve dinheiro – e a situação de Gi-hun vai ficando cada vez mais complicada. Ele acaba
sendo coagido a assinar um contratado no qual “abre mão de sua integridade
física” ou qualquer coisa assim e tem um mês para pagar o que deve, e é depois
disso que ele precisa encontrar forças para colocar um sorriso no rosto, fingir
que está tudo bem e levar a filha para jantar. A cena toda com a filha é triste
e emocionante, os dois arrasam colocando verdade em cada momento, e eu só
queria que tudo ficasse bem para o Gi-hun.
Mas, é
claro, não fica.
Depois de se
despedir da filha e perder o metrô para voltar para casa, Gi-hun é abordado na
estação por um homem que lhe convida a “jogar um jogo com ele” – em troca, ele
receberá 100 mil wones cada vez que ganhar, e terá que pagar 100 mil wones cada
vez que perder… como ele não tem dinheiro para pagar, no entanto, o homem
aceita que “ele pague com seu corpo” e, a cada derrota, ele leva um tapa no
rosto – até que ele consegue seus primeiros 100 mil wones. A conclusão do jogo
é atordoante, porque Gi-hun é convidado a um outro jogo com muito mais risco e mais dinheiro envolvido, e o homem parece
saber tudo a seu respeito… inclusive em relação às suas dívidas. E Gi-hun diz
que não é tão ingênuo e que não vai cair em nenhum golpe, mas as coisas mudam
de figura quando ele chega em casa e a mãe conta que a filha vai embora para os EUA com a mãe e o padrasto.
Toda essa
introdução é ESSENCIAL para que “Round 6”
faça sentido e para que funcione. Tivemos 30 minutos do primeiro episódio para
conhecer Gi-hun, para entender quem ele é, o que enfrenta, as dívidas que tem e
tudo o que o leva a aceitar um acordo duvidoso sobre o qual ele não tem
informações o suficiente… nos emocionamos com ele, torcemos por ele em cada
detalhe inteligente do episódio, como aquela cena em que ele tenta conseguir um
presente para a filha (são pequenos detalhes no qual os sentimentos de Gi-hun,
que vão da desesperança ao desespero e o amor pela filha, ficam evidentes e
permitem que nós nos conectemos a ele), então entendemos que ele vai aceitar o que quer que seja na esperança de
conseguir algum dinheiro e se ver livre daquilo tudo: das dívidas infinitas e
do medo de perder a filha para sempre se ela for embora…
Então,
Gi-hun liga para o telefone no cartão que o cara do metrô lhe deu e aceita
fazer parte de um jogo – ele é dopado para ser transportado e, quando acorda,
ele está em um lugar amplo e com outras 455 pessoas, todas numeradas e usando o
mesmo uniforme. Todo o cenário e a situação são sinistros, e o fato de ser tudo
amplo, iluminado e colorido parece tornar, ironicamente, tudo ainda mais sombrio – é interessante essa escolha da
direção, que parece trabalhar de forma dicotômica, mas traduzindo muito bem a
perversidade de toda a situação. A bizarrice é garantida pelas pessoas
mascaradas e com vozes disfarçadas, e as respostas evasivas oferecidas toda vez
que uma pergunta é feita a respeito do prêmio do jogo ou o tipo de provas que
terão que enfrentar… eles até são
“liberados” para desistir, se quiserem, mas antes de saber o que vai acontecer…
E como todos estão endividados, curiosos e
se permitindo alguma esperança, eles continuam.
Assim,
Gi-hun, o Número 456, se vê prestes a enfrentar seu primeiro de seis jogos:
BATATINHA FRITA, 1, 2, 3. Baseado em uma brincadeira infantil tradicional
coreana, o jogo consiste em movimentar-se rumo a uma linha vermelha, e eles só
podem se mover enquanto uma boneca
gigante canta “Batatinha frita 1, 2, 3”; qualquer movimento identificado
depois disso elimina o jogador instantaneamente. É claro que nós sabemos o que
significa “eliminar”, mas eles, aparentemente, não tinham imaginado isso até
que de fato aconteça… o primeiro jogador “eliminado” é morto de maneira
silenciosa ao se mover quando a boneca está olhando, depois outro jogador é
morto de maneira mais espalhafatosa,
com sangue jorrando para todos os lados, e o desespero começa a tomar conta dos
jogadores… e quanto mais eles se
desesperam, mais pessoas morrem.
O primeiro
jogo é impactante e “Round 6” consegue
criar toda a tensão, estendendo a cena pelos 5 minutos que os jogadores têm
para atravessar o cenário, em uma sequência de tirar o fôlego e cheia de
momentos diferentes… a maneira como os jogadores, depois da matança e tentando
sair do choque inicial, começam a se movimentar lentamente, a maneira como
Gi-hun demora mais para sair do lugar, caído no chão e preso a ele por um
corpo, as estratégias usadas para se chegar ao outro lado em segurança, e o
interessante paralelo com quem quer que esteja por trás disso, assistindo a
tudo em uma tela, enquanto toma alguma bebida. A maneira como a vida humana é
tratada com indiferença e como a morte se torna apenas um espetáculo, enquanto
pessoas em situações terríveis aceitam fazer
qualquer coisa em troca de dinheiro que os salve.
É angustiante em vários sentidos.
Também
aproveito para elogiar a aparição de outros personagens importantes durante o
primeiro jogo. O primeiro episódio é de Gi-hun e, como eu disse, faz um
belíssimo trabalho apresentando o personagem e fazendo com que nos conectemos a
ele, mas o jogo da Batatinha Frita, 1, 2, 3 também nos apresenta outros rostos
que provavelmente serão importantes durante essa temporada, como Cho Sang-woo,
o Jogador 218, alguém que Gi-hun conhece desde antes do jogo; Kang Sae-byeok, a
Jogadora 067, a mulher que roubou o dinheiro de Gi-hun depois da corrida de
cavalos e que traiu Jang Deok-su, o Jogador 101; Oh Il-nam, o Jogador 001, um
senhor de idade com um tumor no cérebro; e Abdul Ali, o Jogador 199, um homem
que nos chama a atenção por salvar a vida de Gi-hun na reta final do jogo.
Estou bastante animado e acho que esses personagens serão fascinantes de se
acompanhar!
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