Um Lugar Silencioso: Parte II (A Quiet Place: Part II, 2021)

“Um Lugar Silencioso”, lançado em 2018, foi um verdadeiro e surpreendente marco para o gênero do terror e do suspense: o filme, que era totalmente silencioso durante a maior parte dele, conseguia angustiar o espectador porque o colocava ao lado dos personagens – tínhamos a sensação de que tampouco podíamos fazer barulho e isso nos deixava tensos durante o filme inteiro! Era uma maneira inteligente de se criar o suspense! Agora, o lançamento de “Um Lugar Silencioso: Parte II” (depois de alguns adiamentos devido à pandemia) nos leva de volta a esse universo, e o filme padece da sina de filmes que sucedem obras revolucionárias: o fato de a surpresa ter se esvaído. Isso não quer dizer, no entanto, que o filme não seja bom, porque EU ADOREI O FILME. “Um Lugar Silencioso: Parte II” avança na história dos personagens ao mesmo tempo em que nos apresenta uma história de origem.

É um filme inteligente, envolvente e preciso.

O filme começa lá no DIA 1, quando os monstros chegaram à Terra… quando a sequência de “Um Lugar Silencioso” foi anunciada, ele foi tratado tanto como uma prequela quanto como uma sequência, e é exatamente o que ele oferece – embora eu acreditasse que acompanharíamos um pouco mais da origem disso tudo (talvez isso fique para o possível spin-off no qual se está pensando). O Dia 1 da invasão alienígena é exatamente como esperamos que fosse: eventos inexplicados por toda parte, matérias sobre isso tomando conta da televisão, grito, desespero e pessoas morrendo. Foi bem interessante acompanhar a Família Abbott no dia em que tudo isso começou, e naquele momento nós já compramos novamente a ideia de “Um Lugar Silencioso”, embora em uma sequência diferente de tudo o que vimos no primeiro filme, porque as pessoas ainda estão desesperadas e reagindo a esse desespero, lentamente se convertendo ao silêncio.

Sinto que o silêncio foi algo que faltou ser melhor explorado nesse segundo filme, embora ele ainda entregue algumas sequências mais quietas muito boas e jump scares igualmente bons. Acontece que, com a morte de Lee no filme anterior e os novos rumos que a Família Abbott trilha, eles acabam chegando até Emmett, um personagem que não é da família de Regan e, portanto, não sabe língua de sinais – confesso que foi um pouco estranho vê-lo falando o tempo todo, ainda que fosse aos sussurros (uma das minhas cenas favoritas, por exemplo, é quando Evelyn está saindo para buscar remédios para Marcus e ele tenta ir atrás dela, mas ela o faz voltar, tudo no maior silêncio possível, como no primeiro filme), e eu não tenho certeza de que a adição de trilha sonora às cenas nas quais os personagens precisam ficar em completo silêncio para não atrair os monstros foi algo positivo: cria tensão, sim, mas não nos dá a impressão de que estamos na mesma situação dos personagens.

A história do segundo filme acompanha os sobreviventes da Família Abbott buscando um novo lugar “seguro” no qual possam ficar, e acabam descobrindo mais um sobrevivente: Emmett, um antigo amigo da família que o Dia 1 fez questão de apresentar brevemente. Gostei bastante de todo o cenário construído para o segundo filme, que permite certa liberdade de som para os humanos (consequentemente justificando, também, o fato de a sequência ter mais cenas de diálogos do que o filme original), e todas as angustiantes sequências de ação que o filme traz, como o momento em que Marcus acaba caindo em uma armadilha de urso e não consegue segurar o grito – naquele momento conseguimos sentir a dor de Marcus, o desespero de Evelyn para conter o grito do filho e o medo do fato de as criaturas estarem se aproximando… felizmente, agora Regan sabe como detê-los.

No primeiro filme, uma espécie de efeito de microfonia que ela produz com o seu aparelho de ouvido parece atingir as criaturas e as deixarem vulneráveis a ponto de elas poderem ser mortas. Quando Regan descobre que existe uma estação de rádio ainda transmitindo em uma ilha próxima, ela acredita que pode ir até essa estação de rádio e transmitir o som para todo o mundo, para que qualquer pessoa que o sintonize possa usá-lo contra as criaturas – ela só precisa encontrar uma maneira de ir até essa ilha. Aqui, o filme ganha uma nova dinâmica quando os grupos se separam: Marcus fica responsável por cuidar do bebê e acaba tendo que lidar com uma criatura e com a falta de oxigênio, enquanto Evelyn vai à cidade atrás de remédio e Regan ganha a ajuda de Emmett em busca da estação de rádio… são tensos momentos de ação muito bem construídos!

A ilha na qual a estação de rádio está localizada é um verdadeiro refúgio – afinal de contas, as criaturas não são boas nadando e, por isso, elas não conseguiram chegar até a ilha, o que quer dizer que aquele é um dos poucos lugares na Terra no qual as pessoas levam uma vida “normal”, em uma vilazinha utópica que parece destoar de todo o cenário cuidadosamente construído até aqui. Um lugar que poderia ter mais sobreviventes, se não fosse a natureza egoísta do ser humano que causou confusão, lá no começo do ataque, durante o embarque e atraiu as criaturas. Mas o lugar talvez já não seja mais seguro tampouco. Emmett e Regan, que chegam à ilha em um barco, acabam levando com eles uma criatura, e eu confesso que foi um pouco desesperador ver o monstro atacando todos os humanos que encontrava pela frente… o último refúgio conhecido.

O filme entrega uma sequência muito boa que guia a um clímax excelente e, assim como o primeiro filme, “Um Lugar Silencioso: Parte II” acaba bem no ápice da ação, dessa vez dividida em duas frentes e conectadas por uma transmissão de rádio. Na ilha, Regan produz o som que debilita as criaturas e, assim, consegue matar a que estava atacando a ela e a Emmett depois de ter matado várias pessoas; no continente, Marcus usa a transmissão de Regan para também debilitar a criatura que ameaçava a família, e então atira contra ela. Foi um momento verdadeiramente épico para os dois irmãos, e eu achei interessante ver Regan e Marcus tomarem a frente enquanto Emmett e Evelyn assistem. É uma conclusão tão fenomenal quanto a do primeiro filme, e ficamos esperando por um possível terceiro filme para transformar “Um Lugar Silencioso” em uma grande trilogia.

Ótimo roteiro, ótimas atuações, ótimo suspense… adorei!

 

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