O Rei Leão (The Lion King, 2019)



Hakuna Matata
CHEGOU A HORA DE “O REI LEÃO”. A animação clássica, de 1994, é um dos maiores sucessos da Disney, e o filme é adorado por fãs de todo o mundo há 25 anos. O sucesso do filme levou a história de Simba para os palcos em 1997, tornando-se também um dos musicais da Broadway mais aclamados pela crítica, e agora, depois de adaptações como “Dumbo” e “Aladdin”, ambos também desse ano, “O Rei Leão” ganha a sua versão “live-action” (ou não live-action, mas não vamos entrar nessa discussão). O filme está visualmente LINDO (e realista), as músicas são emocionantes, e o Simba filhote é extremamente fofo, mas “O Rei Leão” nunca foi uma das minhas histórias Disney favoritas… por isso, eu não estava no hype e no êxtase de toda a galera que esperava “O Rei Leão” como “o filme mais aguardado do ano” nem nada assim – no entanto, eu GOSTEI MUITO do mesmo modo! Mas eu nunca tive essa paixão exagerada pelo filme, e continua não sendo um filme assim tão marcante.
E eu sempre adorei o Timão e o Pumba!
Uma das coisas que eu sempre percebi em relação ao “Rei Leão” é que parece que a cena (e canção) mais impactante do filme acontece na sua introdução – por isso, aquele início foi DE ARREPIAR, com “Circle of Life”, porque SEMPRE AMEI ESSA MÚSICA, mas eu sinto a falta de algo igualmente forte depois, porque parece que entregam o melhor no início. A cena é extremamente similar à animação clássica, com aquele tom de realismo que nos deixa de queixo caído… como aqueles animais estavam realistas! Então, na primeira cena, o dia está nascendo e os animais da savana estão se reunindo para ver a exibição do filho de Mufasa e Sarabi, e a música é extremamente forte, emocionante! E é um encanto conhecer o pequeno Simba, tão indefeso ainda, quando Rafiki o pega nas mãos, pinta a sua testa e o exibe para todos os animais na Pedra do Reino, com todos se curvando para o futuro rei… depois dessa introdução perfeita, vemos o logo: “O REI LEÃO”.
Rever o Simba nessa versão me fez perceber o quanto ele precisava de tudo o que aconteceu com ele – como ele precisava sair, conhecer a Hakuna Matata com a ajuda de Timão e Pumba, para que ele não fosse um pequeno rei déspota, porque ele ainda era muito imaturo enquanto Mufasa lhe apresentava todo o reino. Mufasa o leva até o alto de uma pedra para mostrar o reino a Simba e para explicar-lhe que, um dia, “ele reinaria sobre tudo sobre o que a luz toca”. Mas Simba ainda não entende a diferença entre “possuir” e “proteger”, por exemplo, e ele tinha um quê de arrogância, como quando ele “desafia” o tio Scar, dizendo que “um dia ele daria ordens e Scar teria que obedecer”. Scar, por sua vez, é o debochado e invejoso irmão de Mufasa, que nem aparece para conhecer o Simba quando ele é apresentado na Pedra do Reino, porque acha que o posto de Rei deveria ser seu.
Assim, ele instiga o leãozinho teimoso a ir até as terras sombrias, o lugar aonde Mufasa o proibiu de ir. Devo dizer que EU AMEI as cenas do Simba criança, como quando ele vem todo empolgado chamando Nala para “dar uma volta” com ele, e diz para a mãe que “ele pode se banhar sozinho”, ou que “ela está bagunçando sua juba”, e eu me pergunto: que juba? Assim, durante a divertida e fofa “I Just Can’t Wait to be King”, Simba e Nala caminham pelo reino e despistam Zazu, para poder ir até onde não estão autorizados a chegar: o cemitério de elefantes. O plano de Scar era fazer com que eles fossem mortos pelas hienas que moram no local, e a sequência é bastante sombria, mas os dois leãozinhos são salvos por Mufasa, majestoso e poderoso como sempre. Portanto, Scar percebe que ele vai ter que pensar em outro plano para conseguir o trono.
Scar, então, leva o pequeno e inocente Simba para um desfiladeiro, “para ele encontrar o seu rugido”, e o deixa lá para que uma manada o pisoteie, mas novamente Mufasa vem em seu auxílio, e temos toda aquela sequência desesperadora que marcou a infância de tantas pessoas: o momento em que o pai de Simba morre. Por um momento, parece que Mufasa vai ser pisoteado, mas ele, enfim, consegue escalar o desfiladeiro, quase chegando ao topo em segurança, mas quando ele depende de uma pequena ajuda de Scar, o irmão traiçoeiro o joga lá de cima, e tudo o que vemos é o Mufasa caindo e o grito desesperado de Simba… no entanto, eu achei que a cena do Simba tentando acordar o pai e tudo o mais foi bastante breve, e isso pode ter prejudicado a emoção do momento. Então, Scar o faz pensar que a culpa é dele e o manda fugir.
“Run away, Simba. Run away and never return”
Aqui, então, TEMOS UMA DAS MINHAS PARTES FAVORITAS DO FILME. Estava o tempo todo esperando pelo momento em que veríamos Timão e Pumba pela primeira vez – eu adoro os personagens. Simba caminha sozinho pelo deserto, e acaba dormindo/desmaiando no meio do nada, onde ele é encontrado pelo javali e o suricato, que são DIVERTIDÍSSIMOS. Amo o Pumba pedindo para ficar com o leãozinho, “porque ele é fofo e pode protegê-los quando crescer”, e o Timão fingindo que a ideia foi toda dele, mesmo que estivesse, até agora, sendo contra eles acolherem o bichinho… quando o pequeno Simba acorda, eles percebem o quanto ele está triste, e o quanto ele acha que as coisas não importam mais. Então, eles lhe ensinam um lema interessante sob o qual ele pode viver a sua vida: “Hakuna Matata”. Ou algo como “sem problemas”.
Ou, ainda…
“Seus problemas… você deve esquecer!”
“Hakuna Matata” é SENSACIONAL, definitivamente a melhor música do filme… embora eu goste muito de “The Lion Sleeps Tonight” também, dos animaizinhos cantando enquanto caminham pela selva… mas, durante Hakuna Matata, o pequeno Simba cresce ao lado de Timão e Pumba, como um amigo de outros animais que outrora seriam suas presas, e comendo apenas larvas e coisas assim – e eu gosto do que isso faz com Simba, que cresce muito mais leve, muito mais fofo e despreocupado – mais simples e menos arrogante do que teria crescido como “Rei”. É tão bonitinho ver que ele cresceu, mas que ainda é a mesma criança inocente de sempre, cantando sem parar… e eu gosto de piadas como “Você engordou 180 quilos desde que a gente começou a cantar essa música!”, pequenos momentos inteligentes que quebram a quarta parede.
Com o Simba já grande, temos aquela emocionante em que, ao lado dos amigos, ele olha as estrelas, e eles se perguntam o que elas são… Timão diz que são vagalumes que ficaram presos naquele negócio preto/azul lá em cima; Pumba, maravilhoso, diz que sempre pensara que eram “bolas de gases queimando a milhões de quilômetros” (amo a ironia); e Simba conta o que ouviu de seu pai: que eram os ancestrais, olhando para eles e cuidando deles. Mas Timão e Pumba riem da teoria. Enquanto isso, o antigo reino de Mufasa é tomado por Scar, que cria um reinado de terror ao lado das perversas hienas, em que todos estão apavorados e praticamente sem esperanças… então, Nala resolve escapar dos olhares de Scar para procurar ajuda… e, de maneira interessante, ela acaba perseguindo o Pumba em uma corrida alucinante, até ser detido por Simba.
“Simba? Eu achei que você estivesse morto!”
“Achou que ele estivesse morto? Eu achei que eu estivesse morto”, responde o Pumba.
Ao se reencontrarem, depois de tanto tempo, Simba e Nala compartilham uns momentos lindos e ternos durante “Can You Feel the Love Tonight” (e são geniais os comentários de Timão e Pumba sobre como o amigo está ferrado), e Simba a convida para ficar ali com eles… afinal de contas, o lugar é bom, eles vivem felizes, e têm de tudo! Mas Nala não está ali para escapar – ela está ali para conseguir ajuda para o reino. Ela conta tudo o que aconteceu e pede que Simba retorne para a Pedra do Reino e desafie o Scar – afinal de contas, o Reino é seu por direito. Simba não conta a ela os motivos que o impedem de voltar (ele está fugindo do passado porque o tio o fez acreditar que Mufasa morreu por culpa sua), mas deixa claro que não tem intenção alguma de fazer o que ela está lhe pedindo… e ela vai embora, decepcionada.
E brava.
Mas Rafiki, sabendo que Simba está vivo (é uma interessante cena de um tufo de sua juba sendo levada de volta ao reino), também vai atrás dele, e ele o convence de uma maneira linda: o levando para ver Mufasa. Eu gosto muito de como Rafiki o faz, primeiro, olhar-se no reflexo na água, dizendo que “Mufasa vive nele”, e depois Mufasa “aparece” para Simba nas estrelas, como ele disse que acreditava ser, o encorajando a ser quem ele realmente é: “Eu sou Simba, filho de Mufasa”. Então, ao som da original “Spirit”, Simba sai correndo em direção à Pedra do Reino, encontrando Nala no meio do caminho e sendo seguido por seus amigos, Timão e Pumba. Eu achei o uso de “Spirit” bem fraco, e foi um pequeno trecho encaixado no filme provavelmente porque querem que a música concorra ao Oscar, mas, por mais que ame a Beyoncé, eu não acho que a música mereça.
Ainda torço por “Speechless”.
Então, acompanhamos o eletrizante clímax do filme, quando Simba retorna rugindo para a Pedra do Reino e, por um segundo de confusão, Scar acredita ser Mufasa que retornou – então, os dois batalham pelo Reino, e Scar tenta jogar todos os leões contra Simba, dizendo que foi por culpa dele que o Rei morreu, mas ele se entrega quando Simba está para cair lá de cima da Pedra, e Scar fala sobre “o olhar de desespero” do Mufasa antes de morrer… como ele teria visto isso se não tivesse chegado a tempo no desfiladeiro, como dissera para todos que acontecera? Assim, todos os leões se voltam contra Scar, e a BATALHA começa de fato, com Scar e as hienas sendo desafiados não apenas por Simba, Nala, Sarabi e os demais leões, mas também por Zazu, Rafiki e Pumba, que fica uma graça quando está todo corajoso, lutando daquela maneira!
O embate final de Simba e Scar acontece no topo do Reino, quando Simba mostra que é superior a ele não fazendo com ele o mesmo que ele fizera com seu pai, mas apenas o banindo do Reino, como ele fez com Simba há alguns anos… mas Scar é traiçoeiro e ataca o sobrinho novamente, então Simba precisa se defender e, durante a luta dos dois, Scar acaba despencando lá do alto – e embora ele não morra na queda, ele morre devorado pelas hienas lá embaixo, em uma cena forte. Por fim, então, Simba retorna à Pedra do Reino como REI, e eu gosto muito de como o filme termina exatamente do mesmo modo como começou… Rafiki está apresentando o futuro Rei, filho de Simba e Nala, e os animais estão ali para reverenciar o pequeno leãozinho, quando o “Ciclo da Vida” recomeça e, mais uma vez, vemos o logo do filme, dessa vez dizendo que a história chegou ao fim.
Não é o filme da minha vida, mas é um belo filme. Gostei bastante.
Belos efeitos, músicas estão lindas, a história é nostálgica… lindo.

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